O coelho e a onça
Depois de décadas trabalhando como jornalista e escritor, percebi que não havia guardado justamente o meu primeiro texto publicado. Era uma redação despretensiosa que fiz aos oito anos de idade, no segundo ano do ensino primário, como era chamado na época, lá na minha pequena e sertaneja Curvelo (MG).
Em 1978, na Escola Estadual Interventor Alcides Lins, a minha professora, tia Amelina Carneiro Martins, gostou tanto da fábula que escrevi que resolveu datilografá-la e reproduzi-la com minhas ilustrações no mimeógrafo para distribuir para o restante da turma. Foi uma honra e um tesouro perdido.
A história, intitulada “O coelho e a onça”, tratava da fuga de um pequeno, fofo e orelhudo personagem das garras e dentes afiados de uma grande onça faminta, utilizando sua agilidade e muita esperteza. Para escapar do ataque fatal, o coelho atraiu a predadora até o pé de uma mangueira e a desafiou a subir até o galho.
Do alto da árvore, a onça preparou-se para saltar, mas acabou acuada por uma fogueira que o coelho colocou em torno do tronco. A árvore tombou, e a onça caiu chamuscada. Assustada, ela fugiu para a mata. Minha tia Amelina adorou a forma coloquial como escrevi, repleta de onomatopeias típicas de histórias em quadrinhos, com muitos “grrrr!”, “crash!” e “zaz!”.
A moral da história? O coelho, apesar de ser uma presa mais fraca e vulnerável, consegue escapar da onça, que representa o predador mais forte e implacável. Ele usa sua inteligência para evitar o perigo, mostrando que nem sempre a força é a solução para os problemas.
Recordar tudo isso é voltar a uma época em que a vida era mais simples, as brincadeiras mais ingênuas e as histórias fantásticas povoavam nossa mente. O que escrevi na infância foi uma evidência da minha paixão pelas letras.
Comentários
Parabéns, amei a história e o carinho com a minha Tia Amelina que neste texto representa a importância do estudo, das letras e do universo que tudo isso representa.