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Mostrando postagens de 2021

Château Haut-Brion, um brinde à história

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Um vinho elegante e de sabores duradouros. A descrição mais imediata e suscinta do Haut-Brion, o clássico tinto de Bordeaux, ganha com facilidade significados dignificantes quando se examina sua bela história centenária. O membro primogênito do seleto grupo dos cinco Premiers Grands Crus Classés, assim eleitos pela famosa classificação de 1885, merece então ser sorvido com a devida reverência e sem pressa alguma. O primeiro Château a ser chamado como tal é notado pelos especialistas como modelo de excelência da icônica denominação francesa, pois se abre em camadas na taça. Os enólogos atentam para a experiência imperdível que o Haut-Brion nos brinda ano após ano como vinho fresco de bom corpo, evoluindo muito bem e surpreendo pela estrutura firme, taninos sedosos, agradável acidez e complexidade. Essa performance advém da composição da uva formada por Cabernet Sauvignon (44%), Merlot (43%), Cabernet Franc (13%), com teor alcóolico de 13%. A preciosidade desse Bordeaux combina bem c...

Viva o Rio!

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Depoimento sobre Passos Nus

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Por Virgínia Boa Morte, jornalista Sílvio, lendo seu livro, voltei aos bons tempos de minha infância e adolescência em Curvelo e até compartilhei alguns momentos com você, relembrando pessoas e fatos comuns em nossa cidade. Época em que a preocupação maior era saber qual filme ia passar no sábado nos cines Virgínia ou Marabá, se o Caiçara ia jogar na Praça de Esportes, quais seriam as atrações da exposição agropecuária, qual orquestra tocaria no Curvelo Clube, e aí por diante. E diante de seus textos rememorei fatos com tamanha nitidez que parecia um filme. A Rua Joaquim Felício, onde morei, era uma poeira só. No tempo das chuvas, nossa brincadeira era fazer guerra de barro e muitas vezes levamos uma boa surra por entrar em casa com os pés sujos e a roupa molhada. Outro passatempo era assistir à passagem das vacas brabas, que Jason Oliveira levava para o matadouro. Passei muito aperto escondendo delas! E como não lembrar das barraquinhas de São Geraldo, Santo Antônio e Santa ...

Tudo em Ribas?

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  Por Sílvio Ribas Não, eles não são meus parentes, mas me dão orgulho de ter o seu sobrenome, DIEGO (1985) – Diego Ribas da Cunha, nascido em Ribeirão Preto (SP), mais conhecido como Diego, é um jogador de futebol que atua como meio-campista. O camisa 10 jogou no Santos e em grandes clubes Europa, como Porto, Juventus e Atletico de Madrid, além do Fenerbahçee (Turquia) e Seleção Brasileira. Hoje joga no Flamengo, do qual é capitão. MARKU (1947-2013) – Cantor, compositor e percussionista nascido em Pirapora (MG). Seu estilo próprio tem elementos de soul, samba, jazz e ritmos africanos. Usava o próprio corpo como instrumento de percussão e seu estilo de cantar e inventar palavras com sonoridades incomuns influenciou e influencia gerações de músicos. EMÍLIO (1862-1925) – Emílio Marcondes Ribas, paulista de Pindamonhangaba, foi médico sanitarista, com destaque no combate a epidemias e endemias, criando o Instituto Butantan, entre outros órgãos de saúde pública. Ao lado de nomes co...

A revolução silenciosa do carro elétrico

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Sílvio Ribas Em setembro de 1969, o engenheiro mecânico João Augusto do Amaral Gurgel realizou o sonho de criar a pri meira montadora de automóveis 100% brasileira. A Gurgel Motores tinha tecnologia própria e o seu criador era obcecado por inovação. Cinco anos após sua estreia, a fabricante paulista lançava o pioneiro carro elétrico Itaipu E150, nome da hidrelétrica que estava em construção no Paraná para figurar como a maior do mundo. O modelo exótico para a época tinha só dois lugares, design geométrico e 460 quilos, dos quais quase dois terços em baterias. Foram montados 27 protótipos, que são hoje itens de colecionadores. Fazendo 60 quilômetros por hora de velocidade máxima, o Itaipu iniciaria produção em série no fim de 1975, junto com a expansão da fábrica da Gurgel em Rio Claro (SP), mas trombou em desafios próprios dos veículos elétricos. Em 1980, Gurgel ainda tentaria emplacar no mercado o segmento elétrico com o Itaipu E400, furgão com 80 quilômetros de autonomia que in...

Falta Centro no Cardápio de 2022

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Um comentário de Paulo Mathias, apresentador da Rádio Jovem Pan, feito há quase dois meses jogou uma luzinha sobre o cenário eleitoral tétrico que se desenha para 2022. “Eleição é cardápio”, resumiu ele, ao defender a tese de que é, sim, razoável apostar na competitividade do ainda desconhecido “terceiro prato” entre as opções para o Planalto, a serem oferecidas ao eleitor. Seria, pois, prematuro atestar como inevitável um indigesto quadro plebiscitário de Bolsonaro versus Lula, na mais radical das bipolarizações. Evitar a consagração do pleito binário, com a dupla que lidera com folga as pesquisas, é prioridade de ao menos 10 partidos. Nas últimas semanas, houve duas desistências na disputa batizada pela colunista Vera Magalhães, de O Globo, de eliminatórias da terceira via. A saída dos eliminados Luciano Huck e João Amoedo (Novo) não fortaleceu, contudo, nenhum nome nessa chave do torneio nacional. Isso porque falta Centro raiz nos movimentos pró-concertação incitados pelo pré-candid...

Oslo, 15h50

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S ílvio Ribas O Reino da Noruega é reconhecido pelo Brasil como terra do bacalhau, dos vikings e da banda pop A-ha. Mas, em 22 de julho de 2011, o pacato país escandinavo foi alvo de triste referência ao tornar-se palco de dois insólitos atos terroristas, que até hoje descrevem o capítulo mais violento de sua história. Correu o mundo a notícia de que o nacionalista de direita Anders Behring Breivik desferiu solitariamente dois ataques, na capital Oslo e, duas horas depois, na Ilha de Utøya, matando ao todo 77 e ferindo outros 51. A civilizada nação nórdica ficou chocada. As manchetes dos jornais locais, quase sempre amenas – como o rumor sobre gravidez de uma princesa, por exemplo – foram sequestradas por um cruel atirador. Diante desse novo e angustiante contexto, o governo norueguês alterou bruscamente o roteiro de viagem pré-agendada com grupo de seis jornalistas brasileiros, convidados a visitar sítios turísticos e empresas inovadoras e a conhecer in loco o modo de viver de um ...

PSD em busca do novo JK

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Sílvio Ribas Quando o ex-ministro Gilberto Kassab criou o PSD, em 2011, revelou que o partido era uma homenagem a Juscelino Kubitschek. O conteúdo visual de estreia explicitava a conexão e o número da legenda, 55, remetia ao ano da eleição do líder desenvolvimentista. Kassab chegou a registrar o endereço eletrônico JK, para servir à fundação do PSD, mas acabou o abandonando após os duros protestos da surpreendida família do ex-presidente. Kassab, então prefeito da capital paulista, e Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo à época, deixaram o DEM para fundar, diziam eles, uma agremiação política centrista sem traço ideológico, o que muitos leram como uma vocação para sustentar qualquer governo. Mas a inspiração era mesmo JK, lembrando que durante a sua disputa pelo Planalto em 1989, pelo PL, Afif tentou, sem êxito, associar a sua imagem à do político mineiro. O Partido Social Democrático não é a recriação do velho PSD de Juscelino, mas Kassab parece ainda mais empenhado e...

O que aprendi com Camilo Penna

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Sílvio Ribas O falecimento do ex-ministro João Camilo Penna, em 23 de abril último, não representou para mim apenas a perda de um amigo e de um parente, primo de minha mãe. Perdi um de meus principais mentores, que a mim confiou valiosos ensinamentos esculpidos ao longo de produtivos 95 anos de uma vida marcada pela sua luminosa inteligência, pelo seu exemplar caráter e pela sua ímpar generosidade.  De nossas gratificantes conversas no Bairro do Sion, em Belo Horizonte, onde morava, guardei algumas frases ricas, brotadas de sua sabedoria e que ainda me inspiram. Agora gostaria de compartilhá-las com todos. 1. Não basta ter know-how para vencer na carreira profissional. Também é preciso ter know-who, ou seja, saber a quem recorrer. 2. A maior “safadeza” é ser honesto. Isso porque no dia que a Justiça alcançar todos os culpados, aquele que não se corrompeu se safará. 3. É importante ler sempre e muito para colocar coisas valiosas na sua cabeça e não deixar espaços desocupados ou oc...

Big Bang Theory vaticinou a Covid-19?

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Sílvio Ribas Nesta semana, marcada pelo Dia do Orgulho Nerd (25) e pela reabertura de investigações dos serviços americanos de inteligência acerca de eventual e improvável acidente de laboratório na cidade chinesa Wuhan relacionado à origem do vírus da pandêmica Covid-19, me evocou The Big Bang Theory. Diferentemente de The Simpson, série televisiva famosa também por vaticinar fatos históricos, a premiada sitcom estrelada por jovens e hilários cientistas pode ter involuntariamente presenteado num de seus episódios os teóricos da conspiração sobre o surgimento do terrível novo coronavírus. The Romance Resonance, sexto episódio da sétima temporada da série, foi ao ar pela primeira vez em 24 de outubro de 2013, seis anos e pouco antes dos primeiros casos da contaminação pelo vírus Sars-CoV-2, agente da doença iniciada na China no fim de 2019 que logo se espalhou pelo mundo. Na história, a personagem Bernadette, cientista da indústria farmacêutica, ficou empolgada com o vírus de um g...

Bryan Ferry ao vivo na Noruega

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Minha viagem a trabalho de repórter pela Noruega, há quase 10 anos, me presenteou com momentos inesquecíveis, como pescar um parente do bacalhau nas águas geladas do Atlântico Norte e me maravilhar com um colossal fiorde visto do alto de mirante.  Ainda assisti a situações acidentais marcantes, como universitários pulando de pontes de pedra em rio urbano com apenas roupa de baixo e ouvir hits da banda norueguesa A-Ha de uma fita cassete colocada no player da van a pedido dos colegas jornalistas. Mas dentre todos os episódios inesperados, tenho como o mais gratificante do ponto de vista pessoal foi ter escutado à apresentação de Bryan Ferry, ícone musical dos anos 1980, após breve caminhada noturna com amigos por Ålesund, pequena e bela cidade no coração do país escandinavo. Era noite de 20 de agosto de 2011, sexta-feira de um verão frio para nossos padrões, e lá rolava o Jugendstilfest, um dos maiores festivais pop e rock da Noruega. O evento acolhido pelos meus ouvidos postado...

Obrigado, Camilo!

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  João Camilo Pena, falecido na noite de ontem em Belo Horizonte, aos 95, merece a gratidão do Brasil. Ex-presidente da Cemig e de Furnas, ex-secretário de Estado e ex-ministro de Indústria e Comércio (1979-1984), o engenheiro nascido em Corinto (MG) tinha inteligência ímpar, entusiasmo contagiante e enorme generosidade. Liderou marcos da infraestrutura e foi o arquiteto do racionamento que evitou o colapso energético, em 2001. Aconselhou governos, empresas e instituições setoriais, científicas e de fomento ao progresso. Teve papel destacado na Cúpula das Américas (1997) e em planos estratégicos do setor público em áreas diversas. Até o fim da longa vida, trabalhou incansavelmente pelo país, dedicou carinho a toda a família e construiu uma biografia marcada pela ética e desapego.

Paolinelli para Nobel da Paz

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A pujança do agronegócio associado à sustentabilidade ambiental e a importância da segurança alimentar como fator de prevenção de conflitos internacionais sustentam a indicação do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli para o Prêmio Nobel da Paz 2021. A candidatura do agrônomo mineiro foi protocolada no fim de janeiro pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e tem o respaldo das entidades ligadas ao setor rural no Brasil, além de mais de 100 líderes de instituições de 28 países. Conhecido como pai da moderna agricultura tropical, Paolinelli tem reconhecimento unânime do setor agrícola mundial, tendo sido o responsável por criar a Embrapa e por liderar políticas públicas nos anos 70 e 80 que tornaram o país potência no campo. Mineiro de Bambuí, onde nasceu há 84 anos, Paolinelli tornou-se agrônomo em 1959 pela Escola Superior de Agronomia de Lavras (Esal). Em 1971, assumiu a Secretaria de Agricultura de Minas e criou incentivos e inovações tecnológica...

Malabar: poesia madura em livro de estreia

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A reclusão, a angústia e a incerteza geradas pela pandemia da Covid-19 incentivaram o jornalista mineiro Sílvio Ribas a levar a público um projeto que acalentava há pelo menos 20 anos. Malabar – Versos ao vento (Clube de Autores, 2020), livro com 59 poemas reunidos ao longo da vida, saiu de forma independente e já testado pela crítica. O título é uma brincadeira com a arte de equilibrar peças (palavras) no ar. “Finalmente, veio a lume, como se diz em minha terra”, brinca o autor, radicado há 13 anos em Brasília e que tem o poeta Nicholas Behr como uma das suas principais referências. Ele conta que, no começo, eram apenas cópias de um conjunto inicial com duas dúzias de poemas, que correram por várias mãos, na maioria colegas de imprensa e escritores, em busca de aprovação. Entre eles está o tarimbado Jorge Ventura, que assina um minucioso prefácio. “Eram textos de temas variados, de rock dos 80 a amores irrealizadas, escritos de maneira instantânea ou burilada nas cidades onde havia ...