Eles já foram condenados em verso e prosa, em público e no privado, ao longo das últimas cinco décadas, sempre associados a adjetivos pejorativos: estratosféricos, escorchantes, indecentes, pornográficos, imorais, agiotas... insuportáveis. Estou falando, é claro, dos elevadíssimos juros brasileiros, que vivem colocando o país na humilhante liderança da usura global e que sempre provocaram a repulsa da maioria da população. Aplicado como remédio amargo para conter a escalada de preços, o juro real básico em nível extremamente elevado desempregou dezenas de milhões de trabalhadores em diferentes épocas, fechou fábricas e sepultou sonhos de cidadãos. A tal política monetária restritiva significa, em bom português, cobrar caro pelo dinheiro para desestimular o consumo de pessoas e empresas. Mas essa prática adotada pelos bancos centrais do mundo todo para combater inflação ganhou contorno dramático no Brasil, seja pelas doses extravagantes, seja pelos largos e repetidos períodos de...