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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Concessões ao lucro

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Publicado em 18/02/2013 no Correio Braziliense. Por Sílvio Ribas. Os 40 dias da quaresma representam um período de autorreflexão. O governo, infelizmente, não tem mais esse tempo para analisar os seus erros na condução da política econômica e ainda está com pressa para consagrar esse período do calendário católico como virada, após dois anos de pibinhos. A esperança para os analistas está na percepção de que o susto com os números fracos da economia (sobretudo da indústria) no segundo semestre de 2012 deve ter ajudado a presidente Dilma Rousseff a entender, enfim, que apelos são insuficientes para libertar o espírito animal dos empresários. Ela ouviu nas últimas semanas, reservadamente, de alguns dos principais líderes empresariais do país que as constantes mexidas do Estado nas regras do jogo, sem diálogo, deixaram ressabiado até o dono da padaria, com medo de investir. Até então, a chefe do Executivo só vinha combatendo a desconfiança da iniciativa privada com discursos nos quais e...

Nos tempos do Orkut

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Por Sílvio Ribas A rede social Orkut, lançada em 2004, completou seu nono aniversário mês passado sem nada a comemorar. Sob o impacto de uma fortemigração de seus membros para a rival Facebook, líder absoluta no país e no mundo. Há até pouco tempo atrás, era no antes popular portal de relacionamentos do Google que os brasileiros se encontravam online e agitavam as suas comunidades virtuais. Hoje, a grande maioria dos que fizeram cadastros nesse tipo de serviço gratuito da rede, de todas as classes sociais, mantém presença preferencial na rede de Mark Zuckerberg. Os movimentos repentinos de adesão e de abandono, envolvendo milhões de usuários, são uma característica própria da internet na atualidade, com bilhões de conectados. Mas o dado curioso disso tudo é perceber como a noção quotidiana de tempo também foi atropelada pelas manadas digitais. Outro dia ouvi uma balconista de loja dizendo à colega que conhecia determinada pessoa “ainda nos tempos do Orkut”. Aquilo me deixou parado pe...

Procuram-se responsáveis

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O primeiro ensinamento que recebi quando criança é que o futuro promissor pertence aos responsáveis. O substantivo que também é adjetivo representa o valor de estar comprometido com as obrigações cotidianas: estudar, arrumar o quarto, cuidar da própria higiene e respeitar as agendas previamente combinadas com terceiros. A lição tinha todo o peso e também todas as sanções correspondentes daqueles agora longínquos anos 1970 e 1980. O garoto e o adolescente podiam até escapar dos seus afazeres ou posturas esperadas, mas a conta da irresponsabilidade era sempre calculada em seguida e posta sobre a mesa. E cumprir bem as ações banais podia render elogios. Fiz essa reminiscência não para louvar regras inflexíveis de disciplina, mas para ressaltar a enorme escassez de responsabilização do mundo atual, em especial no Brasil. O lamentável jogo de empurra da recente tragédia de Santa Maria (RS) coroou a minha percepção de que "não é comigo" ou "vá ao próximo atendente" se ...

Holocausto segundo Dilma

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"O Holocausto sempre será, para o Brasil, uma questão que, de maneira alguma, se pode negar. O Holocausto é, necessariamente, para nós, brasileiros, algo que tem de ser objeto da memória e da verdade. Felizmente, para nós, o Brasil se transformou em um país democrático. Em nosso país vivem pessoas originárias de diferentes culturas, de diferentes etnias, somos um país formado por imigrantes, temos várias origens. E aqui convivem em harmonia todos os povos, mesmo aqueles em que, de forma recente, como é o caso dos judeus e dos árabes, há relações atritadas em outras partes do mundo. Nós somos capazes, como nação, de construir uma grande riqueza, que é nos desenvolver tendo um profundo respeito pelos direitos humanos nesta construção da democracia política e social no nosso país, respeitando a diversidade, respeitando a liberdade de pensamento e, sobretudo, percebendo a extrema riqueza que há em sermos diferentes, mas tão parecidos, tão iguais, tão humanos. Isso não significa que n...