Tradição das barracas na beira de estrada
A feirinha à beira da estrada de São José da Lagoa, distrito da minha Curvelo (MG), foi um cativante quadro emoldurado pelas janelas de carros e ônibus do meu passado. Lá nos anos 1970 e 1980, quando percorria a sinuosa BR 135, as margens de seu asfalto se transformavam em um mágico mercado a céu aberto, um mostruário completo da diversidade da nossa terra, onde a oferta de pequenos produtores rurais variava conforme as estações. Nas prateleiras improvisadas, frascos de pimenta, óleo perfumado de pequi e conservas caseiras exibiam suas cores tentadoras. Bacias transbordavam com jabuticabas, cajus, tamarindos, mexericas, jambos, pequis e mangas, cada uma guardando o sabor do cerrado. Garrafas de mel, potes repletos de alho e tempero, bem como as frutas típicas do interior, cativavam nossos sentidos. Essas gostosuras puras enriqueceram nossa cultura sertaneja. Não era incomum encontrar artigos artesanais, verdadeiras obras-primas do trabalho manual: gamelas esculpidas com esmer...