Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2022

As águas turvas da eleição

Imagem
Os 156 milhões de brasileiros aptos a votar estão convidados a voltar às urnas no próximo domingo, o último deste mês, desta vez para escolher (ou não) um entre os dois candidatos mais bem votados no primeiro turno na eleição presidencial, o ex-presidente Lula (PT) e o atual Jair Messias Bolsonaro (PL). Este é, certamente, o pleito mais conflagrado da nossa história republicana, superando até a polarização extrema de esquerda e direita de 1989. Além de um engajamento recorde dos polos da sociedade, agigantado pelas redes sociais, as urnas ainda estão sob o espectro de uma parcela restrita de indecisos e por uma indecifrável camada d e votos não revelados. Por isso, os 32 milhões que de ausentes viraram peça-chave nas campanhas. A redução ou o aumento do índice recorde de 21% confirmará o vencedor do primeiro turno, Lula, ou imporá virada inédita, em favor de Bolsonaro. O esforço para sondar e bombear para a superfície esses votos profundos e não revelados em outubro me lembra os volume...

O bem-estar na civilização

Imagem
Os shopping centers provocam debates de estudiosos do comportamento humano desde os anos 1980, quando o conceito desse negócio se consolidou. Para muitos, eles são templos do consumismo e estimulam a futilidade, sobretudo a dos mais jovens. Mas a evolução da sociedade acabou dando a esses locais que agregam comércio e serviços um papel semelhante ao das bucólicas praças de cidadezinhas do interior, o da convivência social. Em O Mal-Estar na Civilização (1929), o psicanalista alemão Sigmund Freud explica que o indivíduo se organiza em sociedade e as regras dessa regulam relações interpessoais. Tudo em nome do bem-estar geral, mas com algum prejuízo para impulsos de cada um. Hoje, quando as ruas e outros espaços públicos são ameaçados pelo crime, pela poluição e pela loucura climática, os shoppings servem para abrigar o desejo de convívio saudável e civilizado. Não é por acaso que, antes e depois da pandemia, esse segmento tenha tido excelente performance. Os shoppings se adaptaram às de...

Robô talentoso?

Imagem
Era o último espanto digital que faltava. Programas informatizados capazes de criar belíssimas fotografias, pinturas e canções a partir de uma simples frase. O realismo e a sofisticação desses trabalhos impressionam tanto que até já despertam o velho temor retratado pela ficção científica em torno da ameaça de robôs conscientes à dominância do Homo Sapiens no planeta. A questão que suscita as especulações sobre uma distopia do amanhã é se as máquinas substituirão o ser humano  até mesmo na criatividade artística, criando novas estéticas e linguagens e, por fim, imaginando realidades. O nosso talento, que julgávamos insubstituível, estaria próximo de concorrer com um talento de inteligência artificial (IA)? Quem seria o mais talentoso? Como prévia de debate de incomum profundidade, recentemente houve a polêmica envolvendo o artista americano Jason Allen, que ganhou concurso de desenho no Colorado usando apenas uma ferramenta de IA. Antes disso, houve composições musicais geradas por...