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Mostrando postagens de janeiro, 2015

Caiu na conta

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Por Sílvio Ribas A frase mais ansiada por milhares de servidores do governo do Distrito Federal nesse começo de ano mostra bem o quão longe a irresponsabilidade fiscal pode chegar. Isso tudo sem falar das filas em hospitais e do adiamento do calendário escolar. A minha esperança, contudo, é que, logo após funcionários ouvirem de colegas ou da imprensa o tão esperado “Caiu na conta!” pela primeira vez e também quando isso voltar a ser rotina, caia a ficha do povo sobre as razões de tanto sofrimento com salários e outros pagamentos atrasados. Gastar o que arrecada e somente o que arrecada, incluindo empréstimos tomados à luz do planejamento, é o mínimo a exigir do gestor público. Para o contribuinte, o mínimo que se espera é que ele exija bom uso dos pesados impostos pagos e saiba identificar qual gestão fez isso e qual não fez. Mas como estamos no Brasil, onde o surreal invade todas as instâncias de poder e da disputa política, essas duas premissas parecem ter dificuldade de amadurec...

Alceu.100

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Por Sílvio Ribas O figurinista Alceu Penna nasceu há exatamente um século, em 10 de janeiro de 1915. Quarto dos 11 filhos de dona Mercedes e de seu Christiano, ele saiu cedo da pequena cidade natal, Curvelo (MG), rumo ao Rio de Janeiro, onde desenvolveu seu talento natural e se tornou famoso. Consagrou-se como referência do desenho brasileiro, destacou-se na moda e era admirado por Carmen Miranda, Millôr Fernandes e até Walt Disney. O mineiro foi um dos pioneiros das histórias em quadrinhos no país, adaptando clássicos da literatura para as páginas de jornais. De 1938 a 1964, assimou a coluna “As Garotas do Alceu”, publicada na revista O Cruzeiro. Esse trabalho fez a cabeça das jovens brasileiras, mostrando uma nova visão da feminilidade e das curvas da mulher. Como estilista, assinou figurinos de famosas montagens do Cassino da Urca, na capital fluminense, e definiu o visual de Carmem Miranda e do Bando da Lua conhecido mundialmente. Alceu começou a mostrar as suas habilidades des...

Futuro agora

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Por Sílvio Ribas Perguntado sobre quais cenários possíveis para o mundo e a humanidade em razão de novas descobertas científicas e de invenções, Albert Einstein, declarou: “Nunca penso no futuro, ele chega rápido demais”. Se tivermos um pouco de paciência para observar o que a tecnologia de ponta nos reserva para os próximos meses e anos, vamos perceber que a observação do gênio alemão está mais atual do que nunca. Basta lembrar que a telefonia móvel e a internet comercial sequer eram imaginadas pelos filmes futuristas até os anos 1980. A velocidade com que as novidades saem agora dos laboratórios para o cotidiano das massas tende a se acelerar mais. E, ao contrário da violência e da involução política nos quatro cantos do planeta, há nessas notícias curiosas chances para o otimismo. Causa um prazeroso espanto assistir vídeos curtos com robôs japoneses dançando, tocando trompete e subindo escadas. É animador saber do desenvolvimento de tecidos especiais para a indústria têxtil e de...

Arrocho nas mãos de Levy

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Por Sílvio Ribas O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, iniciou ontem, oficialmente, o seu desafiador trabalho à frente da equipe econômica do governo. Com a missão de garantir o sucesso do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o economista não chegou a causar surpresas em suas declarações, nas quais reafirmou a promessa de colocar as contas públicas nos eixos. Para isso, admitiu a necessidade de calibrar impostos, mas não apontou para quais seriam e muito menos quais seriam os percentuais. De toda forma, ele deixou bem claro o que os analistas esperam: o ajuste fiscal já começou. E esse começo se deu por um emergencial foco nos destrambelhados gastos federais. Em sua disputada cerimônia, onde empresários buscavam sinalizações do novo ministro, Levy fez questão de reforçar a tese de que a retomada do crescimento econômico só será possível mediante uma bem-sucedida readequação de receitas e de despesas. Nesse sentido, o homem forte da economia conhecido pela alcunha de "mã...

The best and the brightest

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Por Fernando Gabeira Na década de 1960, John F. Kennedy chamou os melhores e mais brilhantes acadêmicos e empresários para compor seu governo. Apesar disso, ou mesmo por causa disso, muitos erros foram cometidos, sobretudo na política externa dos EUA. No primeiro governo de Barack Obama, a escolha de um Prêmio Nobel de Física, Steven Chu, para ocupar a pasta da Energia ainda representa uma tentativa de se associar à competência e ao brilho intelectual. Mas a verdade é que a pretensão de Kennedy parece ter sido enterrada pelo curso da política e suas duras realidades. O Ministério de Dilma Rousseff é uma espécie de fim da picada no caminho aberto por Kennedy. Ao começar, Lula chegou a ter alguns notáveis, como Márcio Thomaz Bastos, na Justiça. Desde a redemocratização, entretanto, não se escolhia um Ministério tão opaco e alheio aos temas que terá de enfrentar. Novo governo, novas ideias. Esse era o slogan de Dilma. Foi para isso que as pessoas brigaram nas ruas e nas redes, bloquea...

Uma chance para a indústria

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Por Sílvio Ribas As perspectivas para a indústria em 2015 ainda não são boas. Mas empresários e analistas do setor mais combalido da economia brasileira, em retração há seis anos, enxergam no segundo mandato de Dilma Rousseff o começo de uma retomada. As razões disso estão nos sinais de mudanças no modelo econômico adotado durante a era petista e exacerbado na primeira gestão da presidente. Antes baseado em subsídios à produção e estímulos ao crédito, o novo ambiente tende a ser favorável ao investimento e às exportações, as trilhas da recuperação. Os dois novos motores da atividade manufatureira seriam viabilizados por um câmbio mais realista, com o dólar mais próximo de R$ 3, e pelo resgate da confiança dos agentes econômicos proporcionado pelo esperado ajuste fiscal. “O efeito cambial, benéfico para a competitividade da indústria, já está sendo implementado involuntariamente, com a tendência de valorização da moeda norte-americana em todo o mundo”, ressalta Cláudio Frischtak, pre...

Ajustar condutas

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Por Sílvio Ribas A chegada do ano-novo é sempre um tempo de renovar as promessas e as esperanças. Mas enquanto ainda se contabiliza o saldo negativo de 2014, carregado de equívocos e de desmandos na política e na economia do Brasil, o momento atual parece exigir de todos um pouco mais do que as tradicionais mensagens de otimismo. Os votos e as listas de realizações almejadas exigem certa dose extra de sacrifícios e de comprometimento dos governantes e dos governados. Para a melhora geral das perspectivas, o recurso que me poderia servir de inspiração é o TAC, como é conhecido o Termo de Ajustamento de Conduta. Digo isso longe de querer sustar qualquer merecida punição contra aqueles que se negam a cumprir sua responsabilidade legal — vide os salários ainda atrasados dos servidores do Distrito Federal. O instrumento alternativo de solução de conflitos, que pode ser aplicado em questões de direito coletivo, para desafogar a máquina judiciária e agilizar desfechos, pode ser adaptado a...