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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Deus menino

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Por Sílvio Ribas O mais famoso aniversariante de hoje nasceu e morreu pobre. Ele veio de uma região árida e conturbada, onde povos há milênios disputavam e ainda disputam territórios e soberania. Sem exércitos ou prerrogativas de qualquer poder constituído, foi ao encontro de todo tipo de gente, abraçou os mais oprimidos e deu novo curso à história da humanidade apenas fazendo breves e compreensíveis discursos. Até hoje, dois mil e tantos anos depois, as palavras de Jesus (Yeshuá) de Nazaré, o Cristo, desconcertam valentões e poderosos e levam quase todos a refletir sobre o que é realmente importante nesta vida. A principal novidade na comemoração deste ano da chegada ao mundo de um personagem tão incomum e revolucionário pode estar no comando da igreja cristã mais antiga e mais influente. O líder católico Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, chega ao segundo Natal à frente do Vaticano com um histórico de feitos surpreendentes, proporcionados por uma postura inspirada justamente...

Provocações de ano-novo

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Por Sílvio Ribas O Congresso Nacional já apagou as luzes de 2014 e logo mais o Executivo e o mercado financeiro farão o mesmo. Como a grande expectativa em relação ao ano-novo gira em torno do tamanho e da variedade das “medidas drásticas” de ajuste fiscal a serem adotadas no começo do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, a agenda econômica de alcance estratégico vai ficar ainda mais no fundo das gavetas do Planalto. Isso porque a novela estrelada pelos cortes orçamentários e pelas sobretaxas não dará espaços para debates mais elaborados e desafiadores. Apesar dessa constatação óbvia, gostaria de deixar aqui algumas provocações para a equipe econômica e para os pensadores da academia. Alguns podem enxergar nelas sandices monumentais e outros podem até coçarão a cabeça. Acredito, contudo, ser mais importante não deixar que o caos do descontrole econômico e as respostas urgentes para debelá-lo nublem outras mazelas ainda mais enraizadas. A primeira provocação envolve o maior co...

Venina veritas

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Por Sílvio Ribas A gestão temerária da Petrobras, clara desde a assinatura de contratos em branco à compra bilionária de empresas com base em relatórios fajutos, colocou na berlinda não só a diretoria e o patrimônio da maior empresa do Brasil. Foi-se também embora com ela a credibilidade dos investidores em papeis brasileiros e a reputação dos órgãos de controle. E a lambança ainda maculou a bandeira histórica da esquerda de defesa da coisa pública. Nunca antes na história deste país um governo proclamou tanto o discurso contrário à privatização da Petrobras, em favor de maior presença estatal no setor energético. Contudo, foi a partir da era petista que argumentos dos privatistas ganharam o reforço de evidências de um patrimonialismo sem freio. A empresa teve o comando esquartejado entre políticos, seu caixa serviu a campanhas eleitorais e seu plano de negócios se abateu por orçamentos abusivos. Por fim, corruptos se enriqueceram na boa fé de contribuintes e poupadores. Entre os p...

Mestre Miura

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Por Sílvio Ribas A irresponsabilidade fiscal faz o mato tomar conta das calçadas, os delatores contam à Justiça detalhes sórdidos da corrupção na Petrobras e adolescentes criminosos gravam em celulares os cruéis assassinatos que praticam. Nosso cotidiano está marcado pelo pior lado das pessoas, no qual o apreço pela coletividade, a honradez e o respeito à vida inexistem. Em meio a tantos motivos para o desânimo e para se redobrar as orações por dias alentadores, ainda há figuras emblemáticas de Brasília que precisam ser exaltadas, até mesmo para servir de contraponto a tudo aquilo que a maioria da população repele. Sinônimo de judô na capital, Takeshi Miura é um dos campeões locais do bom exemplo. O Sensei – palavra japonesa para mestre e forma como é chamado pelos seus pares e amigos no esporte – está no Distrito Federal há 50 dos seus recém-completados 72 anos. Em sua vida repleta de prêmios e de admiradores, ele procura sempre promover não só a arte marcial, mas, sobretudo, valores...

A turma do U

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Por Sílvio Ribas A última vez que me encontrei com o então ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), o baiano Jorge Hage, fiquei impressionado com a sua disposição em convencer pessoas comuns da importância de defender o bolso do contribuinte. “Dinheiro público é dinheiro do público”, repetia ele a todos com quem conversava, desde o mais humilde cidadão à mais alta autoridade. Na última segunda-feira, ele se despediu do cargo que ocupou por 9 anos, afirmando ter cumprido o dever, mas se queixando suavemente das limitações do órgão ligado ao governo federal dedicado ao combate dos malfeitos envolvendo servidores e prestadores de serviços ao Estado brasileiro. “Já dei a minha contribuição. Está na hora de descansar”, resumiu. A saída de cena de Hage, nos estertores do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, ocorre também no mesmo momento que a mais antiga e vultosa relação promíscua entre os setores público e privado vem à tona. Aquilo que estava claro apenas para a intuiçã...

Feliz 2017!

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Por Sílvio Ribas O país está à espera de importantes definições para a economia nos próximos dias, que terão de vir antes da posse da presidente Dilma Rousseff em seu segundo mandato. Primeiro, o Congresso Nacional terá de concluir o infame abandono da meta fiscal de 2014, o que pode ocorrer hoje no plenário da Câmara dos Deputados. Logo em seguida, é a vez do futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já em plena atividade no Palácio do Planalto, receber oficialmente o cargo das mãos de Guido Mantega. As respostas que advirão desses dois momentos, previstos até então para esta semana mas sem qualquer agenda precisa, são desde o mês passado objeto de forte especulação do mercado financeiro. A simples apresentação de Levy como novo chefe da equipe econômica já foi, contudo, suficiente para que investidores e empresários suspirassem aliviados. O nome dele é o selo de garantia para importante ajuste nas contas públicas, concentrado ao longo de 2015 e de 2016. Esse otimismo é proporcional ...

De onde vem meu nome

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Silvio Cesar já completou mais de 55 anos de carreira. Fez de tudo um pouco. Participou de quatro filmes como ator e compositor: “Na onda do Ye Ye Ye”, “Mineirinho - vivo ou morto”, “Essa gatinha é minha” e “Os boleiros”. Atuou em duas comédias musicais: “Arco Iris” e “O teu cabelo não nega”. Escreveu e gravou mais de 250 canções, que foram regravadas por importantes intérpretes da MPB, como Roberto Carlos, Elis Regina, Emílio Santiago, Gal Costa, Nana Caymmi, Alcione, Elizeth Cardoso, Altemar Dutra, Martinho da Vila, Leny Andrade, Angela Maria, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Pery Ribeiro, Tim Maia, Os Cariocas e muitos, muitos outros. Gravou duetos com Tom Jobim, Chico Buarque, Diogo Nogueira, Jorge Vercillo, Leny Andrade, Emilio Santiago, Hermeto Paschoal, Jane Duboc, Altay Veloso, Pery Ribeiro, João Nogueira, entre outros. Na televisão, atuou em todos os canais. Desde a lendária TV Tupi - onde comandou o programa "A Grande Parada", passando pela TV Rio, TV Excelsior, TV ...

Saída norte

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Por Sílvio Ribas A presidente Dilma Rousseff e os seus auxiliares têm deixado transparecer algo que poderá se confirmar na próxima mudança radical de rumos no segundo mandato dela em relação ao primeiro. Depois de colocar um economista de perfil ortodoxo no Ministério da Fazenda, para restaurar o equilíbrio das contas públicas e a credibilidade do país nos mercados financeiros, o próximo gesto ousado do Planalto deve envolver os Estados Unidos. Razões muito concretas e objetivas apontam para a necessidade da reconstrução da normalidade nas relações bilaterais, prejudicadas pelas rusgas diplomáticas, e, mais do que isso, aprofundar acordos com foco no aumento das exportações brasileiras para o maior mercado consumidor do planeta. O momento não poderia ser mais desejável para isso, com a locomotiva chinesa perdendo fôlego e os dois principais importadores do país na região, Argentina e Venezuela, em grave crise. O recuo nas cotações dos preços de matérias-primas, carro chefe das vend...

Estrela solitária

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Sílvio Ribas Tal qual um alcoólatra recém-recuperado que acabou se afundando na recaída, o governo brasileiro está iniciando a sua ida para a clínica de reabilitação. O caos fiscal que consumiu a credibilidade do país, que deu resistências à inflação e que desmoralizou até o slogan oficial contra a pobreza deverá exigir dois anos de tratamento, até que o paciente seja considerado apto ao convívio social. Para percorrer o caminho de volta à normalidade, a presidente Dilma Rousseff já confiou ao futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a chave do armário das bebidas. Sob a alcunha de mãos de tesoura, o novo chefe da equipe econômica não terá apenas de fazer os cortes de gastos necessários à sobriedade das contas públicas. Mais difícil ainda será ter de, como diria Mané Garrincha, “combinar com os russos” qual o jogo deve ser jogado e, ainda, qual o placar desejado ao fim da partida. Botafoguense roxo, Levy recebeu a incumbência de não deixar que o país tenha a mesma sorte do seu time...