Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2014

O Plano D

Imagem
Por Sílvio Ribas Chegou a hora da responsa para o governo. As disfunções da economia nacional, para não falar em crise generalizada, estão cobrando da presidente Dilma Rousseff uma reação clara, rápida e incisiva. Mas a gerente reeleita do Brasil ainda não revelou medidas que já deveriam estar engatilhadas, para serem anunciadas logo após o resultado do segundo turno. O cargo de ministro da Fazenda continua vago, sendo ocupado interinamente pelo seu titular desgastado e recordista de permanência. E as ações para tirar o país da estagnação associada à carestia sairão, nas palavras da própria petista, “de agora até o fim do ano”. O momento exigiria um Plano D, de Dilma, que foi quem comandou de fato a economia nos quatro anos do seu primeiro mandato e tem tudo para fazê-lo até 2018, só que de forma menos evidente. Esse pacote também seria conhecido pela letra inicial comum de cada pilar do seu tripé: dialogar, delegar e desanuviar. O primeiro deles está presente no discurso de vitória...

Um novo ciclo

Imagem
Os brasileiros consagram hoje 25 anos de plena democracia, manifestando o seu desejo em torno dos destinos da República. As tensões provocadas pelos embates ao longo da jornada dos presidenciáveis ficam pequenas diante do gozo da liberdade dos cidadãos escolherem. O direito de votar também sempre virá acompanhado da premissa de que ele será exercido com consciência e responsabilidade, pautado pelo interesse nacional, em favor da maioria. As instituições democráticas passarão por novo teste, com a esperança de que ele as aprimore e fortaleça. De toda forma, a vontade popular encerrará hoje um ciclo e abrirá outro. Um ano inteiramente novo vai surgir amanhã, um dia após o segundo turno das eleições presidenciais e da divulgação do seu resultado. Seja lá qual for o nome eleito pelos 140 milhões de eleitores para governar o país no período de 2015 a 2018, a vida nacional retomará o seu curso normal neste resto de novembro, mas sob novos ares. Mesmo com eventuais resquícios amargos de uma...

Pingo de razão

Imagem
Por Sílvio Ribas Melhor pingar do que secar. O velho ditado popular parece ser a resposta que a maior parte dos menos favorecidos tenderia a dar se cobrada sobre os desafios colocados pela disputa presidencial e pelas incertezas econômicas. O Brasil conviveu tempo demais com profunda exclusão social, que só começou a ceder após a estabilização da moeda, há 20 anos. A atual maioria remediada, emergida também graças à transferência de renda e aos avanços no salário mínimo, até sonha em melhorar de vida ainda um pouco mais. Mas continua achando melhor garantir “pingos”, vistos como favor de governo, a arriscar tudo em mexidas, mesmo que elas visem garantir a sustentabilidade desses mesmos ganhos. A classe também chamada de média e situada logo acima dos totalmente desvalidos até esboçou uma postura mais crítica em relação às mazelas históricas do intercâmbio entre os setores público e privado. O medo dos desdobramentos de ajustes urgentes acabou levando, contudo, a rápidos recuos d...

Seca sufoca setor elétrico

Imagem
Por Sílvio Ribas A perspectiva de secas mais longas e atrasos na estreia do período chuvoso pressiona o preço da eletricidade negociados no mercado livre e desafia a gestão do abastecimento no país. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduziu a sua estimativa de chuvas que chegarão aos reservatórios das hidrelétricas neste mês, para patamares bem abaixo da média histórica, em todas as regiões, exceto o Sul. A estiagem do ano passado já levou as represas os menores níveis desde 2001, ano do racionamento. Mas as projeções apontam para um quadro ainda pior aos da crise de 13 anos atrás. Segundo relatório mensal do ONS divulgado ontem, as chuvas previstas para outubro nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que concentram os principais reservatórios de hidrelétricas, deverão ser de 67% da média histórica para o período. Assim, o nível de suas represas deverá baixar dos atuais 22,09% para 19% ao fim do mês. Essa queda vem ocorrendo quase ininterruptamente desde junho de 2013, sendo...

Nós x Eles

Imagem
Por Sílvio Ribas A vida vale a pena pelos encontros que proporciona. Mas, lamentavelmente, em períodos carregados de incerteza e de conflagração como o do Brasil atual, a defesa apaixonada de posições pode levar até amigos íntimos a se enfrentar em público e de maneira desrespeitosa. É possível também que ressentimentos episódicos se avolumem ao ponto de desfazer antigos laços de afeto. Bastou serem confirmados os nomes dos dois candidatos à Presidência da República no segundo turno para que a polarização da política brasileira dos últimos 20 anos alvoroçasse ânimos e causasse danos ao bom senso e ao coração. As mobilizações espontâneas e estimuladas de gente atenta ao processo eleitoral, sobretudo na internet, chegam a assustar quem teme pelos desdobramentos trágicos e violentos do sectarismo. Mal as urnas esfriaram e cidadãos de todos os cantos e classes foram instados a declarar o seu “lado”, tal qual um estágio embrionário de uma fratricida guerra civil. A partir da resposta...

Clássico das Gerais

Imagem
Por Sílvio Ribas Os presidenciáveis que chegaram ao segundo turno ― Dilma Vana Rousseff e Aécio Neves da Cunha― são economistas nascidos em Belo Horizonte. Cada um foi filiado a apenas dois partidos, sendo suas respectivas legendas atuais as responsáveis pelo Fla-Flu que caracteriza a eleição presidencial no Brasil desde 1994. Ela herdou o primeiro nome da mãe e ele, o do pai. As semelhanças dos dois adversários acabam aí. As compreensões antagônicas dos candidatos em relação aos problemas brasileiros e as propostas que cada um defende para solucioná-los vão transformar o pleito de 26 de outubro numa final de campeonato de futebol, entre os dois times de histórica rivalidade regional. O domingo que encerra a corrida pelo Palácio do Planalto será marcado pela partida entre a atleticana Dilma e o cruzeirense Aécio. A decisão será no tempo normal, sem prorrogações. Assim como nos duelos tradicionais de grandes times brasileiros, não faltarão analistas da imprensa para levantar estat...

Pibão é bão

Imagem
Por Sílvio Ribas Às vésperas do Natal de 2012, primeiro ano de seu mandato, a presidente Dilma Rousseff declarou que queria de presente um “pibão grandão” no ano seguinte. O tempo mostrou, contudo, que não basta a chefe do Executivo querer a melhora da atividade econômica para isso se concretizar. Também não adianta apelar para todo tipo de atalho para fazer o país alcançar o justo e merecido desejo de progresso material. Em vez de Pibão, vieram os pibinhos em série, que acharam campo fértil para se reproduzir. Quando se projeta a média de crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB), o governo Dilma deve ficar em 1,6%, a pior marca desde a conturbada gestão Fernando Collor (1990-1992). Semana passada, o Ministério da Fazenda, que sempre esbanja otimismo em suas previsões, cortou à metade a sua estimativa de expansão do PIB este ano, de 1,8% para 0,9%. Com isso, 2014 será o pior ano do atual governo na economia. Como a maré de notícias ruins coincidiu com o calendário eleitora...