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Mostrando postagens de setembro, 2014

Brasil em chamas

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Por Sílvio Ribas Os problemas do Brasil continuarão evoluindo em escala geométrica enquanto forem discutidos por bestas quadradas em mesas-redondas. O velho ditado serve como uma luva para avaliar como o país enfrenta hoje o maior cataclisma ambiental de sua história, marcado por gigantescos incêndios florestais e o angustiante desaparecimento de cursos e depósitos hídricos. Classificado pelas autoridades dos três níveis de governo como fatos episódicos e plenamente contornáveis, os danos causados pela estiagem e pelos erros de gestão dos mananciais deveriam estar no centro da campanha presidencial. Neste Fla-Flu eleitoral que colocou duas mulheres na disputa radicalizada para governar o Brasil pelos próximos quatro anos, as mazelas da economia e da corrupção envolvendo empresas públicas tomaram conta da pauta dos debates. Isso apesar de a primavera ter chegado acompanhada de péssimas notícias para o meio ambiente, como a de que a nascente do Rio São Francisco, em Minas Gerais, se...

País das erratas

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Por Sílvio Ribas O governo se comprometeu a cumprir este ano uma economia para pagar juros da dívida pública, o chamado superavit primário, de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Contra quem ousasse duvidar, o ministro da Fazenda Guido Mantega reafirmava a meta e ainda ridicularizava os "nervosinhos". Perto de iniciar o último trimestre de 2014, ele já está sendo obrigado a confirmar seus erros de projeções, expostos pelo mercado financeiro há tempos e admitidos pela sua equipe nos bastidores. Em seu relatório bimestral de receitas e despesas, divulgado ontem, os ministérios do Planejamento e o da Fazenda reduziram pela metade a estimativa de crescimento da economia, de 1,8% para 0,9%, ainda considerada otimista. A previsão para a inflação deste ano ficou mantida em 6,2%, mas a da receita líquida foi reduzida em R$ 10,5 bilhões, para R$ 1,084 trilhão. Nessa toada, as agências de classificação de risco deverão confirmar a perspectiva de rebaixamento da nota brasileira d...

Bons companheiros

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Três dos oito principais candidatos à Presidência da República já tiveram Luiz Inácio Lula da Silva como o seu principal mentor partidário e o seu maior inspirador na carreira política. Hoje críticos dele e da candidata petista à reeleição Dilma Rousseff, Marina Silva (PSB), Luciana Genro (PSol) e Eduardo Jorge (PV) romperam com o PT em momentos diferentes. Todos, contudo, buscaram novas agremiações por considerar que o presidente eleito em 2002 e reeleito em 2006 se tornou um mito popular divorciado do apreço pelos rigores éticos que manifestava o então líder sindicalista emergido das históricas greves do ABC paulista. A chegada ao poder mudou – ou apenas revelou – um homem cujas vaidades pessoais se sobrepuseram à trajetória da legenda que ele fundou, ajudou a estruturar e, por fim, conduziu à primeira vitória consagradora nas urnas, após três tentativas frustradas. O lulismo suplantou o petismo, abraçando pragmaticamente antigos rivais, negando princípios e fechando os olhos par...

Economia perdeu a governança

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A piora da perspectiva de crédito do Brasil, divulgada na terça-feira pela Moody’s, cristalizou a impressão de que a política econômica do governo se confinou no próprio buraco que cavou. A recessão na indústria, o investimento produtivo engavetado e a grave desconfiança do mercado após o forte intervencionismo estatal e o persistente malabarismo fiscal deram argumentos de sobra para a agência norte-americana de classificação de risco ameaçar a nota brasileira de rebaixamento mais adiante. Para o governo, a notícia não poderia vir em pior hora, a menos de um mês do primeiro turno da eleição na qual Dilma Rousseff disputa um segundo mandato presidencial. O sinal externo ruim para a solvência do país não se traduz só na aposta de persistência do baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos, em razão de problemas estruturais. Ele sugere também algo mais grave: uma crescente cautela do capital internacional em relação a se investir em títulos de dívidas de governo...

Campanha inglória

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Por Sílvio Ribas A presidente Dilma Rousseff inaugurou oficialmente a sua corrida à reeleição prometendo fazer uma campanha de alto nível, procurando debater ideias e apresentar propostas. Isso apesar de funcionários do governo e gente contratada pelos comitês eleitorais do PT há meses estarem disseminando nas redes sociais mensagens desabonadoras contra os principais rivais dela. A oposição se propôs a seguir a mesma trilha de confronto civilizado de projetos oferecidos ao escrutínio popular, em um momento particularmente tenso na história nacional. Agora, a menos de um mês do primeiro turno de votações, vemos a baixaria do horário político no rádio e na tevê enterrando os últimos resquícios de sobriedade e de respeito pela inteligência da população. O que antes era subterrâneo, concentrado na boataria on-line, agora está nos textos lidos pelos apresentadores das propagandas levadas ao ar e até mesmo na boca dos presidenciáveis, seja nas ruas ou na janela eletrônica dos lares. Como...