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Mostrando postagens de junho, 2014

Suárezes me mordam!

A Copa dá o que falar e a violência coletiva esperada fora do campo foi substituída pela violência individual de astros da bola, com direito a close-up e câmera lenta.

Retinas fatigadas

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Por Sílvio Ribas Deu no New York Times : Brasília é um espetáculo de civilidade, nem parece uma cidade do Brasil. Nada como uma Copa do Mundo para o olhar gringo descobrir o belo e o inesperado fora dos limites do seu cotidiano. É interessante para nós, brasileiros, ler registros como esse do influente jornal norte-americano, mesmo que venham carregados de imprecisões e exageros, alguns acidentais e outros intencionais. Considerar as mansões do Lago Paranoá mais luxuosas do que as dos astros bilionários de Beverly Hills só pode ser piada. Mas o que mais me impressiona é verificar como o maior evento esportivo do planeta está coroando um fenômeno tecnológico e social sem precedentes na história humana, ditado pela mobilidade da internet. É difícil encontrar lugares em que cidadãos, em movimento ou parados, não estejam com os olhos grudados em smarthones ou tablets, na maioria das vezes conferindo mensagens rasas recebidas de outras pessoas. É fácil ser instado a comentar um trocadilh...

Lição de casa

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Educação é coisa muito séria. Do nível de escolaridade de uma nação depende, cada vez mais, sua mobilidade social, sua competitividade internacional e até mesmo seus indicadores sanitários. O Brasil avançou muito nos últimos 20 anos em termos de inclusão de crianças em salas de aula, mas pecou demais na qualidade do ensino. Não há mais dúvidas de que nosso capital humano está despreparado para render o necessário à melhora geral de produtividade e de renda. E a questão vai muito além da meta de se elevar o percentual de gastos públicos no setor para 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Mais dinheiro, por si só, não vai representar grande coisa em termos de rendimento escolar das pessosa. O problema todo está na gestão, na aplicação correta dos recursos e no envolvimento da sociedade com esse tema. As atuais férias nas escolas, definidas pelo calendário da Copa do Mundo, deveriam ser a pausa obrigatória para os candidatos à Presidência, que estão sendo ungidos pelas convenções partidári...

Brasil, amigo do mundo

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Muito antes de o Brasil ser badalado nos mercados financeiros como uma das potências emergentes, o mundo já descrevia o mais populoso e rico país latino-americano como uma terra de natureza exuberante, de boa música e de povo alegre e multirracial. Isso tudo sem falar das eternas marcas de pátria do futebol, do carnaval e de praias inesquecíveis onde desfilam belas mulheres. Tais estereótipos sobreviveram às decepções no campo econômico dos últimos anos e à perda de confiança de investidores nacionais e estrangeiros nas estimativas do governo. Para os que vieram ver a Copa do Mundo, o Brasil apresentado lá fora não tem tudo de ruim e de bom que venderam, mas é um lugar diferente de tudo. Nem mesmo a insatisfação doméstica com a precariedade dos serviços públicos e o desencanto com as promessas de progresso expressivo e duradouro alteraram a expectativa dos muitos estrangeiros que gostariam de conhecer o gigante da América do Sul. Para eles, desse torrão tropical surgem de todos os lad...

A figurinha e a musa da Copa

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Por Sílvio Ribas Kaká. Um dos principais nomes do futebol brasileiro, o meia garantiu que estava na abertura da Copa no Itaquerão como torcedor, mas acabou revelando na beira do gramado, momentos antes do início da partida, a lamúria por não estar na Seleção Brasileira. “Fiz tudo para participar”, suspirou ele, acompanhado do seu filho Luca. Preterido por Felipão, o jogador do Milan, que participou dos três últimos mundiais, abraçou jogadores do Brasil, entre eles o atacante Neymar Júnior, maior esperança de gols do país inteiro. E a musa da Copa? Ela foi a estrela maior do show de abertura. A bela cantora e atriz norte-americana Jennifer Lopez ofuscou Claudia Leitte, que abriu os trabalhos artísticos do dia. Após ameaçar não vir a São Paulo e de chegar só algumas horas antes da apresentação, ela esbanjou sensualidade, com figurino ousado e rebolado de samba mais desenvolto que o da colega brasileira. Os holofotes foram para a J-Lo, que, em companhia de Claudia e do rapper Pitbull, ca...

Mistério gozoso

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Sílvio Ribas Os maiores milagres cotidianos decorrem de gestos simples. Praticar a gentileza, acordar cedo e manter rotinas em favor da saúde física e mental são atitudes com grande potencial transformador. Tais esforços rendem prazeres no médio prazo que ajudam a moldar uma cultura de bem-estar pessoal e coletivo. Nesses tempos de turbulências na economia e de uma insatisfação generalizada do cidadão, o mistério gozoso da simplicidade pede passagem. E a mudança que ele proporciona poderia ir além do aspecto meramente motivacional, tendo a eficiência como foco central. O Brasil e os brasileiros carecem de ambiente mais produtivo. Em praticamente todas as áreas da vida econômica deste país grande, complexo e inseguro há desperdício de recursos financeiros e de tempo. A corrupção é parente próxima da burocracia. Na maioria das vezes, é a filha dela. Filas e procedimentos intermináveis favorecem atalhos vendidos pelos agentes legais e esquemas paralelos ganham uma infame razão de existi...

Tombo na curva

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Sílvio Ribas Proteger a vida como bem supremo, buscar modelos de produção éticos e socialmente responsáveis e, por fim, dar condições de trabalho dignas e justas. Essas três premissas estavam contempladas na chamada Lei dos Caminhoneiros, que consumiu mais de uma década em debates dentro e fora do Parlamento antes de ser votada e, em mais de um ano em vigor, encontrava obstáculos para sair do papel. Pois não é que a Câmara dos Deputados aprovou na semana passada mudanças no regime que regulamenta a atividade dos profissionais da estrada? Entre as mexidas no texto, está o aumento da jornada de trabalho, justamente o ponto central da legislação e uma das principais reivindicações dos empregados de transportadoras. A sessão do último dia 29, véspera do feriadão do Primeiro de Maio para o expediente parlamentar, teve ainda a marca das vergonhosas claques, com o aluguel de manifestantes pró-reforma da lei, nas galerias do plenário. Só PSOL e PCdoB se posicionaram contra as alterações. O ar...

Telecrimes

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Sílvio Ribas A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou, nos últimos dias, que vai endurecer as regras para a telefonia móvel, atendendo às reclamações de consumidores sobre as constantes falhas nos serviços prestados pelas operadoras. A reação é só o mero cumprimento da missão constitucional do órgão regulador, de zelar pelo interesse geral da sociedade, regulando um serviço outorgado pela União. Mas há questões em paralelo que deveriam ser consideradas, pois fazem parte da mesma esfera de atuação dos agentes responsáveis pelo controle desse mercado bilionário. Enquanto empresas e cidadãos se queixam dos problemas de conexão, um grupo nada nobre de usuários não tem o que se queixar das facilidades de acesso, com ligações geradas a partir da cadeia. É alarmante o avanço recente de uma fraude via telefonemas há muito conhecida e que envolve presidiários em várias unidades da Federação, sobretudo nos estados mais populosos e ricos. Com um celular na cela superlotada, os...

O ágio do pedágio

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Sílvio Ribas O caro é não fazer. É com essa máxima que muitos empresários e políticos do país costumam abrir os seus discursos de avaliação sobre as consequências nefastas dos atrasos na entrega de importantes projetos de infraestrutura. As figuras honestas e bem intencionadas desse grupo partem de argumentos sensatos, tais como o de que tempo é dinheiro. O fato concreto é que sucessivos adiamentos acabam encarecendo as obras e elevando os custos das empresas usuárias de pistas asfaltadas e de trilhos degradados ou mesmo inexistentes. Mas também comungam dessas falas alguns interesseiros, que justificam contratações a qualquer custo com a forma derradeira de destravar planos atolados. Para podermos fazer um raciocínio mais claro do mal que a letargia das obras essenciais à economia brasileira, sobretudo após a explosão de consumo dos últimos 20 anos, é preciso excluir o fator corrupção. Os desvios de verbas no planejamento de novas rodovias, estradas de ferro, portos e aeroportos sã...

Fora dos eixos

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Sílvio Ribas Os economistas Dilma Vana Rousseff, presidente da República, e Guido Mantega, ministro da Fazenda, escorregaram nas próprias palavras semana passada, ao reconhecerem em entrevistas os evidentes problemas com a inflação alta e com as contas públicas desarranjadas. O gesto de sinceridade da candidata à reeleição, ao afirmar que "não está tudo bem" com os indicadores de preços, parece ter cruzado a linha divisória traçada pelo marqueteiro João Santana. Negar as dificuldades para domar o dragão poderia soar autismo, mas assumi-las totalmente poderia soar o reconhecimento de uma falha. No caso de Mantega, valeu admitir que o balanço de 2013 foi fechado "na marra", recorrendo ao jogo de cintura e habilidade dos seus técnicos, para não classificar o arremedo de maquiagem ou trucagem. Mais sinceridade seria desejável no caos elétrico, quando o governo reitera todo o dia que prefere pagar mais caro para manter o consumo do que combinar com a sociedade formas ...

Minoritários da CEB protestam

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Os acionistas minoritários da Companhia Energética de Brasília (CEB) entraram hoje com pedido na Comissão de Valores Imobiliários (CVM) para anular a assembleia geral do resultado da assembleia geral realizada semana passada que aprovou as contas da estatal no primeiro trimestre. Donos de 20% do capital, o grupo liderado por François Moreau acusa a diretoria da CEB de não cobrar dívidas do governo do Distrito Federal, acionista majoritário, que superariam R$ 110 milhões. “O GDF quer blindar os diretores e esconder os prejuízos do balanço”, afirmou Moreau a este blog. O passivo se deve a obras de infraestrutura e contas de luz não ressarcidas, acrescidas de juros e correção monetária.