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Mostrando postagens de março, 2014

Caos energético de Dilma

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Por sílvio Ribas A economista Dilma Rousseff fez carreira política e ganhou fama de gestora pública ferrenha ao se apresentar como especialista no planejamento do setor energético. Alçada, em 2011, à Presidência da República, ela assiste agora, no último ano de seu mandato, a uma consolidação de turbulências simultâneas nas áreas de eletricidade, petróleo e etanol, provocadas por suas decisões polêmicas, algumas tomadas ainda quando era ministra de Minas e Energia e, depois, da Casa Civil. Essa crise, cada vez mais evidente, tem gerado impactos crescentes na saúde fiscal da União, na balança comercial e nas projeções de crescimento econômico do país. O quadro de estresse no setor preferido da presidente reúne nós difíceis de desatar. Numa das pontas, ecoam a ameaça crescente de um racionamento de energia e o fato de as distribuidoras de eletricidade dependerem cada vez mais de mesadas do Tesouro Nacional para não quebrarem. Na outra, estão os preços defasados dos combustíveis, que, a...

Paraíso parafiscal

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Sílvio Ribas Tancredo Neves, um dos maiores sábios da política brasileira, ensinava que “a esperteza, quando é muita, fica grande e come o dono”. Pois é isso o que está ocorrendo com o governo, diante dos frutos amargos colhidos pela sua estratégia intervencionista e “esperta” para a economia. Aquele jeitinho encontrado de se tirar um dinheiro daqui para encaixar no buraco acolá e, assim, pintar as contas federais desequilibradas de azul não conseguiu dobrar analistas domésticos e nem internacionais. O resultado líquido desse uso social da matemática será taxas de juros maiores. Consciente dos pecados de sua gestão, a presidente Dilma Rousseff e os seus principais assessores repetem quase semanalmente mantras como “contratos não serão rasgados”, “regras do jogo serão respeitadas” e “tudo será feito na maior transparência”. Se não tivesse tido uma quebra de confiança tão generalizada, o Executivo não precisaria ficar reiterando que é inocente nas suas operações cotidianas. Pelo menos...

Pousos VIPs na Copa

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Por Sílvio Ribas As delegações de governos estrangeiros que virão ao Brasil para acompanhar jogos da Copa, além de equipes da Fifa envolvidas no evento e outros visitantes classificados como VIP, começaram a sondar o governo brasileiro sobre a possibilidade de desembarcarem nas bases da Força Aérea Brasileira (FAB). As listas serão organizadas e autorizadas pela Secretaria de Aviação Civil (SAC) e as primeiras demandas foram endereçadas às pistas localizadas em Brasília, Rio de Janeiro e Fortaleza. Esses pedidos preliminares, contudo, não foram confirmadas pelos interessados. Mesmo assim, os militares alertam para o fato de que falta determinar primeiro quem pagaria a conta do pessoal e dos equipamentos de solo necessários para a recepção dessas aeronaves e passageiros, como escadas, tratores e ônibus. A indefinição promete acentuar a tensão entre autoridades, clubes de futebol e a Fifa em torno das despesas milionárias com as chamadas estruturas provisórias nos 12 estádios da Copa. O...

BBB do B é BBB-

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A vida real da economia não é um reality show. A maioria dos analistas considerou a decisão da agência americana de classificação de risco Stantard & Poor’s (S&P)de cortar a nota de crédito da dívida soberana do Brasil, de BBB para BBB-, algo previsível, face a piora das perspectivas macroeconômicas do país, e temem pelos seus desdobramentos nas finanças. Alberto Ramos, diretor de pesquisa para América Latina do banco americano de investimento Goldman Sachs, também não se surpreendeu com a decisão da S&P, pois ela “reflete uma erosão gradual dos fundamentos macroeconômicos nos últimos anos”. O atual perfil do Brasil até justifica, acrescenta ele, que o país se mantenha como grau de investimento, “mas não necessariamente dois niveis acima desse patamar”. Ele teme que a pior notícia para o mercado é ver que a decisão da agência não ficou para depois da eleição. A saída, a seu ver, é o governo reagir com políticas mais orotodoxas e convencionais para rebalancear a economia. ...

Bonança das térmicas

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Por Sílvio Ribas A eletricidade vendida aos brasileiros alcançou, desde janeiro, o custo médio mais caro da história, além de embutir o uso recorde de fontes campeãs em Poluição atmosférica, como óleo diesel e carvão mineral. Essa crise estrutural do sistema elétrico, desencadeada pela escassez de chuvas sobre reservatórios de Hidrelétricas no começo do ano e pelos atrasos em investimentos de geração e de transmissão, resultará em pesado reajuste nas contas de luz em 2015 e depois. A conta já passa de R$ 32 bilhões. Mas esse quadro agravado pela perspectiva de racionamento no segundo semestre já rendeu lucros fartos aos donos de usinas Termelétricas. Entre eles, estão empresas indiretamente controladas por clãs políticos aliados do governo federal e de empresários como Eike Batista, que, mesmo após o colapso de seu grupo EBX, continua sócio da companhia de geração térmica Renova, ex-MPX. A razão disso é que o pior regime hidrológico para os meses de janeiro e fevereiro em seis déc...

Sister act!

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Está aí o mais novo milagre do Papa Francisco.Depois de o Santo Padre aparecer na capa da revista Rolling Stones, de ter falado algumas verdades doa a quem doer e de ter estendido a mão a todo mundo, eis que surge na TV italiana e na web uma freirinha do The Voice Italy, na semana passada, arrasando no palco. Sua interpretação de No One, sucesso da norte-americana Alicia Keys, nos remete imediatamente ao filme Mudança de Hábito ( Sister Act ), estrelado pela talentosa Whoopi Goldberg. O papa está mesmo empolgando a juventude religiosa. A siciliana suor (irmã) Cristina Scuccia é talentosa e espirituosa.

Pasadena, passa boiada

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Por Sílvio Ribas O Petrogate é um poço do qual ainda pode jorrar muita coisa suja. Antes mesmo de se tornar a mais nova arma da oposição na corrida presidencial deste ano, a compra pela Petrobras da refinaria norte-americana Pasadena, no Texas, já vinha deixando analistas e gestores do setor petroleiro perplexos desde 2007. A maior dúvida apontada por especialistas ouvido pelo Correio é saber como uma empresa com faturamento anual de US$ 130 bilhões e tocada por 250 mil funcionários, diretos e indiretos, fechou um negócio com cláusulas tão adversas. “É mesmo difícil entender como chegou às mãos de diretores e conselheiros da estatal um parecer equivocado, tendo o carimbo das áreas técnicas e jurídicas”, comentou o economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor da Petrobras. Ele lembra que as instâncias internas nas quais milhares de documentos precisam passar antes de chegar aos responsáveis pelas decisões estratégicas são uma contingência da administração de uma companhia do seu por...

Chama o gerente

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Por Sílvio Ribas Antes mesmo de ser candidata a presidente pela primeira vez, em 2010, Dilma Rousseff já era apresentada como grande gestora da máquina pública. Sua fama de durona e impiedosa com escorregões dos comandados, desde os mais simples aos mais graúdos, chegou à campanha eleitoral e gerou grande expectativa sobre como seria seu desempenho à frente do Executivo. Mas diante dos resultados colhidos em pouco mais de três quartos de sua gestão, a grande lição que a gerentona do Planalto deixa é que autossuficiência e humilhação de subordinado não atestam capacidade. Diálogo franco e jogo de cintura valem muito mais. Desde gabinetes de executivos nas matrizes de gigantes multinacionais até salas de hotéis em Brasília onde lobistas trocam figurinhas com parlamentares, prospera o debate de como a segunda mulher mais poderosa do planeta conseguiu transformar o país emergente mais badalado dos mercados numa caixinha de incertezas. Ardores ideológicos? Despreparo? Centralismo nas dec...

Escambo do poder

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Por sílvio Ribas Escalada da violência, nó cego na mobilidade urbana, risco iminente de apagão, jovens sem estudo ou emprego, Amazônia debaixo d’água, obras da Copa atrasadas... A lista de graves e urgentes questões nacionais não para de crescer. Mesmo assim, as duas principais legendas do condomínio partidário que governa este país estão neste momento profundamente engajadas apenas no vergonhoso escambo da governabilidade. Mas aí emerge a pergunta inconveniente: vergonhoso para quem? Donos de mandato popular se sentam em palácios da República para “discutir a relação” em torno de detalhes mesquinhos diante dos reais dramas brasileiros e não estão nada constrangidos em trocar favores e bicos calados por benesses, colocando e tirando bodes da sala a toda hora. O povo, por sua vez, parece não mais se escandalizar ou ultrajar com o que “aquela gente de Brasília” faz com a confiança que receberam. E lá se vai mais uma semana em que PT e PMDB tratam apenas de confrontar os respectivo...

Soja: liderança ameaçada

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Por Sílvio Ribas Os eventos climáticos extremos dos últimos meses — como chuvas torrenciais e secas prolongadas — ameaçam adiar, novamente, a conquista pelo Brasil da liderança mundial na produção de soja. Os sojicultores nacionais apostaram alto na safra 2013-2014, ampliando a área de plantio em mais um milhão de hectares, a maior parte no Mato Grosso. Mas a meta de colher a marca histórica de 90 milhões de toneladas está sendo desafiada há meses pelo mau tempo. “O clima já derrubou os ganhos de produtividade na temporada atual, sem falar da escassez de infraestrutura para escoar os grãos”, lamentou Glauber Silveira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja). Segundo ele, esse cenário já está deixando operadores do mercado da commodity nervosos. Enquanto as estatísticas continuam sendo revisadas e os especuladores interferem nas cotações, o movimento das colheitadeiras se intensifica no campo para evitar novas surpresas que resultem em quebras na safra ...

Lágrimas de Misha

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Por Sílvio Ribas Quem tem mais de 40 anos deve se lembrar com ternura das lágrimas vertidas pelo ursinho Misha, mascote olímpica de 1980, na festa de encerramento. Mês passado, a imagem pintada em Moscou por centenas de placas coloridas de um painel humano foi resgatada ao fim das esdrúxulas Olimpíadas de Inverno, em Sochi, cidade russa que também deve sediar, em junho, um encontro do G-8, o grupo dos sete países mais ricos e a Rússia. O noticiário desta semana me fez, contudo, imaginar as lágrimas de outro Misha, alcunha de Mikhail Gorbachev, um dos últimos estadistas vivos. Na sua renúncia ao comando de 15 repúblicas, no Natal de 1991, o pacifista derrotado disse na tevê que acreditava no futuro de democracia para o seu povo e no abandono definitivo do impulso intervencionista que marcara sete décadas da moribunda União Soviética (URSS). Com a escalada da tensão militar envolvendo Ucrânia e Rússia, irmãs banhadas pelo Mar Negro e separadas por interesses legítimos e espúrios com...

A última crônica

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Por Fernando Sabino A caminho de casa, entro num botequim para tomar café. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado. Eu pretendia recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, que a faz mais digna de ser vivida. Estou sem assunto.Lanço um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica. Ao fundo do botequim, um casal de pretos acaba de sentar-se. A compostura da humildade deixa-se acentuar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na ca beça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas ou correr os olhos ao redor Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom e aponta um pedaço de bolo sob uma redoma de vidro. A mãe limita-se a ficar observando. A meu lado, o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, la...

Múltis brasileiras acuadas pelo Fisco

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Por Sílvio Ribas As mudanças propostas pelo governo para ampliar a tributação sobre os lucros das multinacionais brasileiras no exterior estão agora nas mãos do Congresso e podem levar à suspensão imediata de investimentos das marcas nacionais em diversos mercados consumidores lá fora. Executivos de grandes empresas sob risco de serem diretamente afetadas pela Medida Provisória (MP) 627/2013 acuam o Ministério da Fazenda e a Receita Federal de não terem ouvido as suas repetidas reclamações e temem sérias perdas de competitividade no mundo. A MP, que tramita na Câmara e tem como relator o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder do partido na Casa, foi editada em novembro do ano passado. Pelas regras estabelecidas, quando a alíquota aplicada no país estrangeiro ficar abaixo do percentual cobrado em território brasileiro, de 34%, empresas como AmBev, BRF, Braskem e Odebrecht terão de recolher imposto adicional sobre os lucros gerados pelas suas operações no exterior. Uma multinacional b...

Sonhos não envelhecem

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As fantasias e os sonhos das crianças merecem toda a nossa atenção. Essa liberdade de pensar e sentir precisam ser valorizadas, pois podem marcar positivamente a vida inteira. No meu trabalho de arqueologia pessoal, encontrei (resgatei dos danos do tempo e da bagunça de papeladas mil) este sigelo desenho que fiz aos sete anos, com o tema de uma aventura submarina. Bons tempos aqueles.