É outra conversa
A boa prosa dos poetas cariocas Ana Cristina César e Armando Freitas Filho rendia até sete horasnumsó telefonema. As cartas enviadas pela escritora Clarice Lispector aos amigos eram tão antológicas quanto seus romances. O debate político de jornalistas,madrugada adentro nas mesas da Cantina do Lucas, de Belo Horizonte, “derrubava” governos. Esses férteis encontros de almas de até duas décadas atrás soam hoje nostálgicos porque diferemmuito dos de hoje, nos quais a crônica falta de tempo nos reduz a meros sinaleiros da própria existência. Essa observação vinha me inquietando nas últimas semanas e foi corroborada com o lúcido texto da articulistaMaria Paula na Revista do Correio do último domingo e pela reflexão do editor executivo do jornal, Carlos Alexandre, esta semana e neste espaço. Eles confirmaram o meu temor de que a boa conversa está em extinção, ameaçada pelas frenéticas, superficiais e abusivas comunicações on-line. A mesma ferramenta que rompe fronteiras para conectar pessoa...