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Mostrando postagens de julho, 2013

Celular da morte

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Sílvio Ribas A Apple ainda não tem explicação para a morte da chinesa Ma Ailum, de 23 anos, eletrocutada após atender seu iPhone 5, conectado à tomada. Em nota, a fabricante lamentou o acidente e informou que vai colaborar com as investigações. Ailun era aeromoça da China Southern Airlines. A irmã da vítima chegou a publicarna internet mensagem alertando o público. A Apple pediu desculpas e reforçou sua política de garantias no país, emrazão de insistentes críticas feitas pelaimprensa estatal ao serviço de pós-venda do iPhone 5. Especialistas ouvidos pelo Correio consideraram o episódio extremamente atípico e indicaramas possíveis causas. Gláucio Siqueira, professor da PUC Rio e especialista em condução elétrica nas telecomunicações, apostou numa descarga atmosférica que atingiu a residência da vítima. “Trata-se de uma fatalidade independente do tipo de aparelho”, explicou. Ele ressaltou que os carregadores funcionam como transformadores, baixando radicalmente a tensão da corrente el...

A presidente e o príncipe

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Sílvio Ribas A piora nas relações com o Congresso, os gigantescos protestos de rua contra a péssima qualidade dos serviços públicos e as inquietações com o minguante desempenho da economia desafiam a presidente da República na condição de representante número um da classe política brasileira. Apesar disso, assessores próximos de Dilma Rousseff insistem em dizer a ela que as turbulências dentro e fora do governo devem ser enfrentadas apenas com as ferramentas da comunicação. Para a turma que cerca o gabinete presidencial e leva sob o braço pesquisas de opinião e cópias de artigos publicados na imprensa, a superação do momento ruim está nas mãos da boa gestão da crise. Com reputação em risco e quedas nas pesquisas pré-eleitorais, o marketing do Planalto, reforçado por assessores especiais convocados de última hora, tratou de colocar em prática ações para proteger os interesses do Executivo e reestabelecer uma suposta normalidade. Neste pacote, são mensurados desde o discurso e a aprese...

Inversão de papéis

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Sílvio Ribas Brasil e China têm tentado emplacar mudanças de rumo em suas políticas econômicas para viabilizar a transição para um novo modelo, que garanta um crescimento sustentável. O curioso é que esses dois mercados emergentes buscam, aos trancos e barrancos, superar o esgotamento das suas respectivas matrizes com a incorporação de aspectos invejados no outro. Enquanto o governo chinês quer fortalecer a demanda interna para depender menos de sua espetacular máquina exportadora, o Planalto precisa destravar investimentos em infraestrutura e capacidade produtiva para dar competitividade internacional ao país, pois já não mais pode contar com o impulso do consumo. Muito já foi dito sobre a tal complementaridade das economias desses dois países, com expressivos ganhos para ambos os lados em razão da gigante demanda chinesa pelas matérias-primas se casar com a peculiar capacidade do campo e das minas brasileiras em saciá-lo. Essa premissa só seria uma verdade absoluta se o feliz encont...

A mulher de César

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Sílvio Ribas Corrupção é uma palavra muito feia, daquelas que chegam a incomodar os ouvidos mais sensíveis. Apesar disso, corruptos e corruptores fazem parte de nossas conversas diárias, das capas dos jornais e, às vezes, do nosso convívio. Com tanto malfeito país afora, protagonizado por pessoas de todas as ideologias, os mais prudentes nos lembram de tomar sempre o cuidado para não generalizar a coisa. Eles temem que defensores do patrimônio público, jornalistas e outros atores independentes coloquem o rótulo de malfeitor em quem apenas exibe indícios de estar negligenciando a ética. Concordo que excessos podem até ocorrer de quem investiga ou apenas zela pelo interesse coletivo. Mas é bom ressaltar que o necessário cuidado para não atacar reputações com bases frágeis também não pode levar à inibição da não menos necessária vigilância republicana. Assim como ensina a máxima sobre o comportamento da mulher de César, não adianta mais às autoridades e aos agentes públicos apenas ser ho...

A conta do consumismo

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Sílvio Ribas Ao governo não faltou apenas realismo nas projeções de crescimento da economia nos últimos anos. Houve também desleixo com a perigosa evolução de indicadores puxados pelo poder de compra da população e pela farta oferta de crédito. O resultado disso está na persistente inflação, no elevado nível de endividamento das famílias e, sobretudo, na deterioração das contas externas, que registram as compras e as vendas de mercadorias e de serviços entre o país e o resto do mundo. Apesar das vantagens proporcionadas pelas cotações elevadas das matérias primas que se destacam na pauta brasileira de exportações, como soja e minérios, a poupança interna diminuiu e o saldo das transações correntes com o exterior recuou, progressivamente, criando um forte obstáculo para o crescimento sustentado do país. De 1999 a 2004, as exportações e as importações avançaram, respectivamente, 11,2% e 2,2% ao ano. Após essa temporada, veio outra, de 2004 a 2012, marcada pela demanda desenfreada. Nela...

O inverno de Dilma

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Sílvio Ribas "A temperatura da economia entra no campo negativo e confirma a intensidade do vento frio vindo da indústria, do comércio e, sobretudo, da China" Após dois anos e meio de um tenebroso outono, o inverno chegou ao Produto Interno Bruto (PIB). É o Banco Central (BC) quem avisa que a temperatura de maio da atividade econômica, medida pelo seu indicador IBC-Br, ficou negativa em 1,4% ante abril. Essa contração — a maior desde dezembro de 2008, quando o mundo todo era arrastado pela crise financeira — confirma outros indícios de esfriamento generalizado dos negócios nacionais com bens e serviços e dá aos analistas uma ideia mais clara do cenário final de 2013. Tecnicamente, para se falar em recessão — a pior notícia que a presidente Dilma Rousseff poderia ouvir nesta altura do campeonato pré-eleitoral — a economia precisaria andar para trás três meses seguidos. Muitos já não acreditam num crescimento mais perto de 3% no ano e vêem 2% como tempo. Há até quem fale nu...

Prego no chinelo

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Brasileiro sempre inventa uma gambiarra. Desde a água e a energia elétrica que são desviadas por "gatos" até a prosaica tira de chinelo presa por um preguinho, são muitas as maneiras recorrentes de driblar as adversidades cotidianas. Os defensores dessa criatividade que chega aos balanços orçamentários do governo lembram que foi o famoso jogo de cintura dos cidadãos que nos trouxe até aqui sem guerras civis em escala nacional. Mas não há mais dúvida de que o improviso contrário ao bom senso e ao ordenamento legal precisa ser combatido a todo o momento para o país dar um passo adiante no rumo de indicadores sociais e econômicos invejáveis e consolidados. De que adianta ir às ruas pedir punição para os corruptos se DVDs piratas são vendidos no centro da cidade em pleno horário comercial? De que vale pedir melhorias na mobilidade urbana se estacionamos o carro em lugares proibidos e, pior, pagamos "tomadores de conta" para "organizar" a irregularidade? Clama...

Apelo ao capital privado

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Por Sílvio Ribas A economia brasileira, que já vinha sofrendo com a inflação resistente, o crescimento pífio e os efeitos negativos desses dois sobre a confiança dos mercados, começou este semestre pressionada por dois novos fatores. O primeiro foi os rescaldos políticos da onda de protestos populares e o segundo com o desesperado cronograma federal de concessões de infraestrutura, a única aposta segura do governo para dar eficiência econômica ao país e impedir que a recessão se instale num futuro próximo, levando ao maior dos pesadelos, a alta do desemprego. Além de cobrar total empenho dos ministros envolvidos para garantir que todas as licitações já anunciadas de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e poços de petróleo evoluam sem se perder na desconfiança dos investidores nacionais e estrangeiros, a presidente Dilma Rousseff está preocupada em destravar projetos dentro do curto prazo deixado pelo calendário eleitoral. O Planalto não mais esconde os seus temores de que a...

Efeito moral

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Soa como eufemismo chamar as bombas que ainda são disparadas contra manifestantes do país como sendo de efeito moral. Mas nada mais preciso do que classificar da mesma forma as reações apressadas dos Três Poderes ao brado retumbante das ruas, particularmente às do Legislativo. O Congresso Nacional, sobretudo o Senado, entendeu muito bem quais são as insatisfações dos brasileiros endereçadas aos parlamentares. Os políticos sabem que a falta de transparência e o exercício do mandato em causa própria irritou a turba a ponto de não ser mais possível segurar a revolta. A mesma celeridade com que a chamada casa do povo tentou responder às pressões, até mesmo para garantir alguns dias de recesso neste mês, não foi acompanhada pelo Palácio do Planalto. A resposta dada pela presidente Dilma Rousseff — desenhada na forma de pactos genéricos que reciclam posições assumidas anteriormente e coroada com inesperado plebiscito sobre a reforma política — acabou dando margem a novos e justos questioname...

Cadê a infraestrutura?

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O Brasil nunca precisou tanto de uma infraestrutura melhor como agora, seja para tirar a economia do marasmo em que se encontra, seja para superar gargalos históricos, que roubam diariamente a competitividade internacional e empurram a inflação para cima. Mas a urgência de ampliar e de modernizar portos, aeroportos, rodovias, ferrovias está trombando na desconfiança de investidores e nas velhas dificuldades burocráticas. Não à toa, o governo vê o sucesso das privatizações como a prova dos nove para a credibilidade do país. Na avaliação de analistas, falhas na condução dos projetos pelo governo, ressentimentos com a ingerência estatal e a atual onda de protestos no país conspiram contra a meta da presidente Dilma Rousseff de acelerar, neste mês, o bonde das concessões à iniciativa privada. Trata-se, conforme o governo, do maior processo de privatização em curso no mundo hoje. “Apesar de a necessidade de investimentos ser consenso entre especialistas e o Palácio do Planalto, a recente p...

Mal na inovação

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O Brasil perdeu mais seis posições no Índice Global de Inovação deste ano em relação a 2012, passando a figurar na 64ª posição numa lista de 142 países, diretamente abaixo do México. Em 2011, a sua colocação estava no número 81. O indicador elaborado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), com apoio da universidade norte-americana de Cornell e da escola de administração francesa Insead, foi divulgado ontem em Genebra. Os países considerados campeões da inovação são, pela ordem, Suíça, Suécia, Reino Unido, Holanda e Estados Unidos. Nenhum dos Brics, grupo das maiores economias emergentes, que ainda incluem Rússia, Índia e China conseguiu ficar entre os 25 primeiros lugares. Todos ficaram estagnaram ou recuaram no quesito inovação. A China manteve o posto de número 35, um a menos em relação ao ano passado, a Rússia ficou com o 62 lugar, 11 a menos, e a Índia perdeu dois e aparece em 66. A OMPI observa ainda que países de renda média tiveram, no geral, bom desempenho e...