Feijão a R$ 6
Sílvio Ribas Havia um tempo neste país em que trabalhadores comuns recebiam salários com muitos dígitos e pouquíssimo valor. Tão logo eram abonados, pegavam o suado dinheirinho e corriam às compras de itens de primeira necessidade para não serem ainda mais espoliados pelos constantes reajustes de preços. Não por acaso, o fim da inflação galopante — expressão muito comum nos anos 1980 — provocou uma revolução sem precedentes na história econômica brasileira. O cidadão comum deixou de fazer estoques mensais de mantimentos e passou a ir semanalmente ao supermercado, levando para casa muito mais que o básico. Tomou gosto pela variedade e até se premia de vez em quando com iguarias sofisticadas. A acomodação das terríveis pistolas de remarcar produtos mexeu até com a cultura popular e com a política partidária, fazendo da estabilidade uma conquista reverenciada, menos após a eleição de governantes nem tão austeros. Mais lúcido que muito economista ao avaliar a configuração do varejo, o empr...