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Mostrando postagens de setembro, 2011

O poema síntese

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José Carlos Drummond de Andrade E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-m...

O mar fértil de Pessoa

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Meu coração é um almirante louco Fernando Pessoa Meu coração é um almirante louco que abandonou a profissão do mar e que a vai relembrando pouco a pouco em casa a passear, a passear... No movimento (eu mesmo me desloco nesta cadeira, só de o imaginar) o mar abandonado fica em foco nos músculos cansados de parar. Há saudades nas pernas e nos braços. Há saudades no cérebro por fora. Há grandes raivas feitas de cansaços. Mas - esta é boa! - era do coração que eu falava... e onde diabo estou eu agora com almirante em vez de sensação?...

Os octogênios

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Eles foram ministros do governo federal, têm 80 anos e ideias ultramodernas sobre o futuro do Brasil. Octogenários não, octogênios. Figuras desperdiçadas, poderiam estar ensinando os atuais governantes e técnicos do governo a como trilhar o sucesso para as próximas gerações. Estou falando dos senhores João Camilo Penna, José Paulo dos Reis Velloso e Ozires Silva. Um mineiro, um carioca e um paulista. É impressionante como o trio tem o mesmo discurso lúcido, amplamente embasado em dados atuais, de necessidade de se planejar o crescimento brasileiro nas próximas décadas, com investimento em educação de qualidade, energias limpas e inovação. Gente bem mais nova que eles tem pensamento retrógrado. Ouçemos, pois, esses brilhantes senhores. Não quis incluir, por enquanto, outros oitentões geniais como FHC e Delfim, que já são muito ouvidos.

Combinações

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