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Mostrando postagens de março, 2009

Decálogos tirados da gaveta

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DECÁLOGO 1996 1) Quem faz os milagres do dia-a-dia somos nós: humanos são poderosos. 2) A simplicidade é parceira da elegância. 3) O sentimento é a única coisa que vale em qualquer coisa. 4) Gastar tempo é gastar vida. Saiba amar o transitório. 5) Ser gentil é a mais barata das grandezas e a de retorno mais surpreendente. 6) Não sou obrigado, mas responsável pelo que me é confiado. 7) O corpo revela marcas do espírito. Assim pois, sorria e seja saudável. 8) A memória é valiosa desde que fácil de acessar e de digerir, desde que ensine e empolgue. Se pesar ou transtornar, esqueça. 9) É fundamental se ter cultura religiosa, desde que não absoluta e escravizadora. 10) “Lutar contra o amor [ou a necessidade de se tê-lo] é uma causa perdida”. DECÁLOGO 1997 1) Guarde sempre o essencial de tudo e libere o supérfluo. 2) Crie habilidades, seja capaz de fazer novas coisas. 3) Respeite o amor que recebe dos outros para tê-lo sempre. 4) A indecisão paralisa. Ande. 5) Não se deslumbre com o estrange...

Lembrança poética

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He's gone Tradução do poema de W. H. Auden, lido no filme Quatro Casamentos e Um Funeral Parem os relógios. Cortem os telefones. Impeçam o cão de latir. Silenciem os pianos e com um toque de tambor tragam o caixão. Venham os pranteadores. Voem os aviões e círculos sobre nossas cabeças. Escrevendo no céu a mensagem: "ele está morto". Ponham laços nos pescoços brancos das pombas. Usem os policiais luvas de algodão pretas. Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste, meu Oeste. Minha semana de trabalho e meu domingo. Meu meio-dia, minha meia-noite. Minha conversa, minha canção. Pensei que o amor fosse para sempre. Enganei-me. As estrelas são indesejadas agora. Embrulhem a lua e desmantelem o sol. Despejem o oceano e varram o bosque. Pois nada mais agora pode servir.

Livros apaixonantes

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É claro que tem livros que nos pega logo de início e, depois que acabamos de lê-los, sentimos marcados por suas páginas para sempre. Mas gostaria de exaltar o algo mais das antigas publicações, as das primeiras décadas do século passado e fim do século 19. Além dos textos elaboradíssimos, os volumes grandes e pequenos têm capas duras que mais parecem trabalho artesanal. São verdadeiras obras de arte. Os desenhos psicodélicos feitos, imagino eu, pelo movimento da tinta e da cola misturada na feitura do painel de papelão são merecedores de estudo, de exposição e de catálogo. Coloco aqui um exemplo, retirado do livro Estudos da Literatura Brazileira (com z mesmo), de José Veríssimo (1904). Antes de abrir o livro fico "viajando" nessas capas e contracapas. A lombada nunca dá pista do que tem dos lados. Assim, a paixão vai além do conteúdo e chega ao objeto-livro. Visto fora de seu contexto material, nos parece obra de um artista pós-moderno, webdesigner ou é uma imagem microscópi...

Folclore para maiores

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Romance faz retrato inédito do realismo fantástico do Brasil no século 18 Brasília (25 de março) - O romance Danação - O Profano e o Fantástico no Brasil Colonial - é fruto do inconformismo do autor, o jornalista baiano Marcus Achiles, com o que considera imperdoável lacuna na literatura brasileira contemporânea: o número extremamente reduzido de obras ambientadas no período colonial e a ausência de estórias que tenham como pano de fundo o nosso exuberante folclore. Após dois anos de minuciosa pesquisa sobre a mitologia brasileira e os costumes coloniais, o resultado é um texto que não apenas transporta o leitor à Taubaté (SP) do início do século 18, mas também o convida para o rico universo de seres que um dia povoaram as crenças de brancos, negros e índios. "A ideia de Danação surgiu de uma conversa com meu filho Lucas, de 12 anos, sobre figuras do imaginário nacional, como a mula-sem-cabeça. Ao folhear um livro ilustrado para uma pesquisa escolar sobre seres fantásticos, me oco...

Notas atleticanas: Galobama e Bee-Campeã

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Duas notinhas na mesma semana me deram mais uma prova de que a torcida atleticana, do Galo, é a mais apaixonada do planeta. A primeira foto mostra que até o homem mais poderoso do mundo foi alvo dessa paixão pelo Clube Atlético Mineiro. O boneco de cêra virou um Galobama. A outra mostra que um cientista batizou uma espécie recém-descoberta de abelha com o nome oficial, científico, de "atleticana". Bee-campeã! Depois do centenário em 2008 só temos a certeza de mais 100 anos de fiéis torcedores em todos os cantos da Terra. A Eulaena Atleticana é o primeiro ser vivo com nome de um time do coração. A notícia correu o mundo. O biólogo da UFMG André Nemésio explica que ela se parece com a camisa comemorativa do clube, com listras pretas e douradas.

Remédio contra baixo astral

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Essa canzone "Il Mondo", de Jimmy Morandi e famiglia , sempre me endorfinou a alma. Quando precisava elevar meu astral em dias cinza, colocava no CD player a música que anima muito, desde a letra até o som. Vediamo ... Il mondo No, stanotte amore, non ho più pensato a te. Ho aperto gli occhi per guardare intorno a me. E intorno a me girava il mondo come sempre. Gira il mondo gira, nello spazio senza fine. Con gli amori appena nati, con gli amori già finiti. Con la gioia e col dolore della gente come me... Il mondo, soltanto adesso io ti guardo. Nel tuo silenzio io mi perdo. E sono niente accanto a te. Il mondo non si è fermato mai un momento. La notte insegue sempre il giorno. Ed il giorno verrà...

Triscaidecafobia

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Só este título dá arrepios. Triscaidecafobia é o nome científico para a aversão ao número 13. Trata-se de uma fobia muito comum nos Estados Unidos. Lá, construtores chegam até a omitir o fatídico andar no painel do elevador do arranha-céu. Passam do 12º direto para o 14º. Pincei esse e outros verbetes duma interessante reportagem de capa da Time. A revista pousou nas minhas mãos durante um vôo de Curitiba para São Paulo – a propósito, saiba que não tenho o famoso medo de Oscar Niemeyer e BB King, aquele cantado em verso pelo latino-americano Belchior: o de avião. A lista da publicação nova-iorquina traz ainda mais curiosidades ao me fazer recordar personagens movidos ou descritos por suas fobias. Ablutofobia, por exemplo, é a doença psíquica do Cascão, personagem de Maurício de Sousa, o Walt Disney brasileiro. O menino sujinho que não gosta de tomar banho treme e se assusta só de ver água. Até o imortal Drácula, o famoso conde vampiro, sofre de mais de uma repulsa: alliumfobia (alho), ...

O Ovo da Maricota

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Março de 1984. Num dia daquele mês, quando era aluno do ensino fundamental em minha terra natal, a mineirinha Curvelo, assisti com muita atenção junto com todos da Escola Estadual Interventor Alcides Lins, nossa “segunda casa”, uma empolgante história contada pelo professor Sebastião Rocha. Famoso como educador e militante cultural, Tião trabalhava como consultor da Secretaria Municipal de Educação. Estava saindo da infância e entrando na adolescência, mas até hoje me vem à cabeça o “causo” narrado por aquele visitante barbudo aos estudantes de todas as turmas durante a chamada “hora cívica”. Para se ter uma idéia de como a garotada se envolveu com o papo dele, basta dizer que naquela manhã o divertido palestrante nos fez até cantar “Morte e Vida Severina”, trecho da peça de mesmo nome de João Cabral de Melo Neto. Tião recordou que, no início dos anos 70, numa de suas andanças pelos grotões do Brasil, por meio do Projeto Rondon, que buscava desbravar as mais escondidas e remotas comuni...

Numa esquina da Savassi

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Aquela casa vermelha na esquina virou, antes da hora, apenas uma parte do meu passado. Foi uma tradição feita em pouco tempo e que teve um fim ainda mais precoce. Para mim, a notícia do fechamento de A Cafeteria – a eterna Três Corações – no coração da Savassi, para dar lugar à loja da operadora Claro, me atingiu de forma pessoal. Ainda triste com o ocorrido, percebo o quanto me agarrei a esse canto de Belo Horizonte, desde sua inauguração, há nove anos. Conheci lá os donos, os gerentes, os garçons, o barman e toda sorte de convivas. Apesar da crítica geral à qualidade do serviço (leia-se demora no atendimento), a simpatia do lugar ficou para sempre na minha memória afetiva. As horas felizes na Cafeteria Três Corações consagraram uma conexão especial entre o espaço que fechou as portas no último domingo de outubro e a minha condição de cliente fidelíssimo. Foram tantos encontros, bate-papos memoráveis e ideias anotadas em guardanapos que este texto seria insuficiente ou inadequado ...

Mensagem de minha vó paterna

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Walmiro, meu marido por Maria da Conceição Moreira de Sousa (Dona Sinhá) Vou ver se consigo contar resumidamente o que foi a vida de meu marido, Walmiro de Sousa. Nascemos no mesmo lugar, hoje Conselheiro Mata (MG), e no mesmo ano, 1913. Ele nasceu no dia 10 de agosto. Sua infância foi a de um menino normal. Muito inteligente, desde cedo já gostava de obter suas próprias coisas. Tinha visão e ideias para o futuro. Seu pai, Beraldo de Sousa, era funcionário da antiga ferrovia Vitória-Minas, mais tarde E.F.C.B, como agente de estação. Sua mãe, dona Violeta, era dona de casa, mulher religiosa e de grande fé. A família constava ao todo nove irmãos. Anos mais tarde, seu pai se mudou com a família para Monjolos, um lugarejo próximo que naquela época explorava madeira. Foi ali que Walmiro entrou para a escola onde freqüentou até o terceiro ano (a última série que havia nas escolas rurais). Empregou-se num armazém onde se demorou pouco, pois visava ter um negócio só seu. Seu objetivo era, a pr...

Porto da Pedra e o poder da criatividade

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Confesso que não assisti ao desfile das escolas de samba do Rio do primeiro grupo este ano. Minha folia foi ficar em casa arrumando a bagunça, desligado de tudo. Mas gostei de saber que o enredo escolhido foi a criatividade. E nada mais criativo do que um desfile na Sapucaí. Eles lembraram personalidades como Einstein, Leonardo da Vinci e Santos Dumont na segunda noite do carnaval carioca para responder à pergunta: o que motivou o homem a criar tanto? O enredo “Não me proíbam de criar, pois preciso curiar! Sou o país do futuro e tenho muito a inventar!”, do carnavalesco Max Lopes, foi nota dez para a sua estreia na escola de São Gonçalo.