Tonho e sua dona
Sílvio Ribas Adotei para mim mesmo uma expressão tipicamente caipira, lá do meu sertão em Curvelo (MG), aquela na qual homens chamam suas esposas de “minha dona”. Sei que o significado dela para eles simplesmente equivale ao de “minha mulher”, sem suscitar qualquer conotação de posse. Mas também entendo que esse modo de tratamento revela o sincero respeito pelas “rainhas do lar” ou “patroas”, como se diz no campo e na cidade. “Minha dona” me evoca ainda a palavra italiana que significa mulher. Mas o que mais me traz à memória nessa expressão é uma figura folclórica de meu passado, o seu Antônio, pequeno proprietário rural vizinho do sítio de meu pai, Maurílio, mais conhecido como Tonho da Dedeca. O sobrenome do apelido dele vinha do nome da esposa, a dona Dedeca, com quem fazia um casal boníssimo e de inspiradora simplicidade. Matreiro como todo mineiro dos Gerais, toda vez que alguém lhe propunha um negócio — fosse um cavalo manco, uma vaca prenha ou um leitão gordo demais — ele sol