A urgência de viver

Sílvio Ribas A consciência da finitude é talvez o ponto de partida mais radical e, ao mesmo tempo, mais libertador da filosofia. Desde o nascimento, cada ser humano carrega uma expectativa íntima: viver o máximo possível, de preferência com saúde, dignidade e em uma velhice serena. No entanto, a única certeza implacável é a de que a vida, mais cedo ou mais tarde, encontrará seu fim. Esse contraste entre desejo e inevitabilidade é o que molda a nossa condição existencial. Os filósofos estoicos ensinaram que a morte não é inimiga, m as conselheira silenciosa. Longe de ser causa de paralisia ou medo, o reconhecimento da finitude é estímulo para o essencial. A cada instante, a lembrança de que somos passageiros nos liberta das distrações banais e nos convoca a viver com intensidade. O tempo, percebido como limitado, deixa de ser desperdiçável e se torna sagrado. É nesse ponto que a finitude se converte em urgência. Urgência de amar sem reservas, de cultivar amizades genuínas, de realizar p...