Resistência fashion
Na Curvelo (MG) onde nasci e morei, nas décadas de 1970 e 1980, o jeito do povo se vestir nem sempre era ditado por vitrines chiques ou revistas de moda, mas pelo cotidiano de uma gente trabalhadora, em boa parte de origem rural. Era um tempo em que aparência rimava com necessidade, sem deixar de exibir dignidade. As senhoras de menor renda usavam lenços cobrindo a cabeça, vestidos de tecido básico e sandálias de borracha ou couro. Muitas iam às feiras e às igrejas com mãos calejadas carregando sacolas de pano ou cestas de palha. Havia na vaidade delas o estilo sertanejo raiz, marcado por praticidade e austeridade. Os homens circulavam com camisas de botão de manga curta, calças de corte reto e cintos baratos. Alguns exibiam chapéu de feltro, outros se adaptavam aos bonés que já começavam a se popularizar. Para caminhar por ruas, becos e avenidas de pedra ou terra, o calçado podia ser sapato gasto ou chinelo ou mesmo nenhum. Jovens e adultos se deslocavam de bicicleta, com a barra ...